segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Problemas de audição


Veja os cuidados que deve ter para proteger os seus ouvidos, órgãos que também são responsáveis pelo seu equilíbrio

A perda de audição (deterioração desta função) e a surdez (perda auditiva profunda) afectam pessoas de todas as idades, indiscriminadamente.

Algumas delas já nascem sem audição, outras perdem-na através de doenças e acidentes, e outras, ainda, vão deixando de ouvir à medida que a idade avança.

Dependendo da causa que provocou a perda de audição, esta pode ser subdividida em dois tipos:

Perda condutiva de audição

Resulta de um problema mecânico no canal auditivo ou no ouvido médio que obstrói a condução do som.

Pode ser devida a:

Obstrução do canal auditivo (com cera ou líquido excessivos), danos no tímpano (perfuração, por exemplo), infecção no ouvido médio e lesões ou infecção nos ossículos (pequenos ossos do ouvido médio).

Perda neuro-sensorial da audição

Resulta de um problema no mecanismo de percepção do som. É sensorial quando afecta o ouvido interno e neural quando afecta o nervo auditivo ou as vias auditivas localizadas no cérebro.

Pode ser devida a:

Exposição a ruído intenso
A perda auditiva provocada pelo ruído é muito comum entre os jovens, principalmente porque o uso de auscultadores para ouvir música em volumes elevados e o som emitido pelas colunas em festas e concertos ultrapassa, em larga escala, o nível de decibéis suportado pelo ouvido humano (qualquer ruído que ultrapasse os 85 decibéis é prejudicial).

Também as pessoas cujas profissões obrigam à exposição a ruídos fortes, como os produzidos por ferramentas de carpintaria, serras eléctricas, ou maquinaria pesada, estão mais sujeitas a padecer deste tipo de perda auditiva, uma vez que os receptores auditivos do ouvido interno são destruídos.

Idade
A perda de audição relacionada com a idade, ou presbiacusia, faz parte do processo normal de envelhecimento.
Apesar do grau de perda auditiva variar bastante de pessoa para pessoa, a perda auditiva relacionada com a idade afecta, em primeiro lugar, as frequências mais altas, chegando, gradualmente, às mais baixas.

Danos no nervo auditivo causados por doenças típicas da infância (parotidite, rubéola, meningite).

Lesão das vias do nervo auditivo provocada por doenças desmielinizantes (doenças que destroem a bainha dos nervos).

Surdez congénita.
Caso a criança nasça surda, a causa pode ser hereditária ou intra-uterina (neste caso, provocada por doenças da mãe como a rubéola ou a sífilis).

Tumores cerebrais, perturbações cerebrais e nervosas (AVC, por exemplo) que atinjam o ouvido interno ou a área entre o ouvido e o cérebro.

Doença de Menière
Consiste na variação de pressão no líquido do ouvido interno e leva a uma perda gradual de audição.

Sem aviso prévio!

A surdez repentina é uma perda grave da audição, geralmente num só ouvido, que se manifesta em poucas horas.

É frequentemente causada por uma doença viral (parotidite, sarampo, gripe, varicela ou mononucleose infecciosa), mas também pode dever-se a outros factores, nomeadamente ao exercício de actividades extenuantes que exercem uma forte pressão no ouvido interno, danificando-o e provocando uma perda auditiva súbita ou flutuante.

Apesar da perda auditiva ser grave, a maioria das pessoas recupera completamente a audição em 10-14 dias.

Como prevenir?

A atitude preventiva face à perda de audição depende muito dos factores que a possam desencadear. Por exemplo, se estiver exposta a ruídos fortes, deve usar tampões nos ouvidos ou mesmo afastar-se da fonte de ruído.

Para evitar a surdez congénita, a mulher deve vacinar-se contra a rubéola e, durante a gravidez, perguntar ao médico quais as melhores medidas a tomar; só ele a pode advertir acerca de medicamentos ou doenças que possam provocar surdez ou outras anomalias auditivas no bebé.

No caso das crianças, é importante os pais estarem atentos a sinais denunciadores nos seus filhos, como o facto de não se assustarem com sons altos ou de apresentarem atrasos no desenvolvimento da linguagem.

As doenças infecciosas como o sarampo ou a meningite também podem comprometer a audição do seu filho, daí a importância da vacinação. Lembre-se que quanto mais cedo for detectado e tratado o problema de audição, melhor será a sua recuperação, desenvolvimento e adaptação ao mundo das pessoas que ouvem.

Como diagnosticar?

Apesar dos testes auditivos poderem ser feitos no consultório médico (através de um diapasão), a melhor forma de testar a audição é numa câmara insonorizada e com um audiómetro.

Depois de avaliar a sua situação, o especialista escolhe qual o método que mais se adapta ao seu caso específico, sendo que o mais comum é a audiometria.

Como tratar?

O tratamento da perda auditiva não é igual para toda a gente, depende da causa que a provocou. Se a perda de audição for condutiva, por exemplo, procede-se à drenagem do líquido ou à remoção da cera que está a obstruir o canal auditivo.

Por vezes, é necessário recorrer a uma intervenção cirúrgica. Infelizmente, para muitos casos, não existe cura. Para estas situações é aconselhável a utilização de um dispositivo de ajuda que compense a perda auditiva.

Dispositivos de audição

A amplificação sonora que estes aparelhos propiciam são muito úteis para pessoas com perda auditiva condutiva ou neuro-sensorial, pessoas com perda auditiva predominantemente neuro-sensorial de alta frequência e para aquelas que perderam a audição num só ouvido.

Contêm um microfone que recebe sons, um amplificador que aumenta o volume e um altifalante que transmite estes sons, já amplificados.

Implantes cocleares

No caso da pessoa ser profundamente surda e de não conseguir ouvir nem com um dispositivo de ajuda, então recorre-se ao implante coclear.

Trata-se de um dispositivo electrónico de alta tecnologia, também conhecido como ouvido biónico, que estimula electricamente as fibras neurais remanescentes, permitindo a transmissão do sinal eléctrico para o nervo auditivo, que é depois descodificado pelo córtex cerebral.

Texto: Madalena Alçada Baptista
Revisão científica: Dr. Victor Gabão Veiga (presidente da APO, Associação Portuguesa de Otoneurologia e chefe do Serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Amadora-Sintra)

A responsabilidade editorial e científica desta informação é da revista PREVENIR

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